sexta-feira, 27 de maio de 2011

Valeu Pet



“E o técnico Zagallo olha para o relógio: 43 minutos… coça a cabeça…”

Talvez Luiz Penido não soubesse que, ao assinalar o momento exato da cobrança, oficiava menos como radialista e mais como historiador. Washington Rodrigues, ao seu lado, intuía, ele sim, que estava prestes a presenciar um feito histórico da magnitude dos descobrimentos, da primeira explosão atômica, da ascensão do Cristo ou do gol mil de Pelé. Acusa a presença do sobrenatural, ali personificado no padroeiro São Judas Tadeu, que segundo ele “acaba de chegar”.

E a voz de Luiz Penido será, pelos séculos dos séculos, a moldura do mais belo quadro jamais pintado por um cobrador de faltas. Lá se vão dez anos, e todo rubro-negro que se preze ouviu a narração quinze, vinte, duzentas vezes. Muitos a decoraram como quem decora o hino nacional, o creio-em-Deus-padre. Gerações futuras de rubro-negros crescerão na segurança de que a voz do Penido, eternizada, lhes dará sempre a noção exata do que sentiram seus pais, avós, bisavós naquela tarde carioca de 27 de maio de 2001.

Em 27 de maio de 2001, ali pelas cinco da tarde, o pé direito de Dejan Petkovic nos fez tocar o céu com as mãos. Não foi apenas o gol que nos deu um tricampeonato: foi o gol que — caso único na história do futebol — enterrou para sempre uma rivalidade secular. Percebam: até Fabiano Eller derrubar Edílson, na intermediária defensiva do Vasco, a torcida inimiga canta com a empáfia de quem olha o adversário de igual para igual. Três anos antes desfilaram troféus em frente à Gávea. Quatro meses antes arrotavam, desonestos que só eles, uma falsa igualdade em número de títulos brasileiros. Segundos antes, cantavam a certeza de que, desta vez, e para sempre, vice é o caralho.

Mas, às cinco da tarde, quis o destino que coubesse ao mais improvável dos artífices enterrar para sempre aquela soberba: um rapaz nascido a dez mil quilômetros dali, e ali desterrado depois que a guerra, as sanções e um banqueiro judeu o convenceram a ganhar o pão, com seu talento, a meio mundo de casa.

Desde que os nossos remadores sentaram a pá na cabeça dos vascaínos que acudiram às Laranjeiras, e dentro de campo Candiota, Nonô e Junqueira fizeram do Flamengo o único time a bater aquele Vasco das camisas pretas, por 73 anos essa gente viveu com uma única obsessão: suplantar o Flamengo.

Em 27 de maio de 2001, com os 2 x 1 no placar, e tendo conquistado dois Brasileiros e uma Libertadores num espaço de cinco anos, tinham certeza de que esse dia estava próximo. Aos 43 do segundo tempo ruiu tudo, e aquele Vasco multicampeão seria lembrado, apenas e tão-somente, como o tri-vice-campeão, o esquadrão talentoso que tremeu toda e cada vez que decidiu contra o Flamengo. E, desde então, todo vascaíno desvia o olhar quando cruza com um rubro-negro.

Isso foi obra de Dejan Petkovic.

10 ANOS DO TRI

Já escrevi aqui uma porrada de vezes que a superioridade do Flamengo em certos campos do conhecimento humano diante de todas as forças da arco-íris reunidas é tão indiscutível que fica até chato pra comparar. Porque parece covardia. Um dos campos do conhecimento humano onde o Flamengo simplesmente humilha seus satélites é na criação, estabelecimento e na estrita observação de feriados, efemérides, aniversários e demais datas cívicas relacionadas aos nossos triunfos terrenos e divinos.

Lógico que de cabeça eu não me lembro de todas as datas do nosso calendário comemorativo, mas as mais importantes qualquer um lembra sem precisar dar uma olhadinha no Google. Porque seria até sacrílego um rubro-negro fechado com o certo precisar de lembretes para comemorar nosso Natal em 3 de março, ou o 3 de maio da nossa histórica primeira partida de futebol, ou o 13 de dezembro do Mundial, o 3 de dezembro do gol do Rondinelli ou 15 de novembro malandreado de nossa fundação. E ainda tem o 28 de outubro de São Judas Tadeu, o 8 de novembro do 6 x 0 no Foguinho, além de todos os 2os domingos de agosto do Mengão Papaizão Severo.

Hoje, comemoramos mais uma dessas efemérides tão flamengas. São 10 anos do gol do Pet. 10 anos do Tetra-Tri. 10 anos zoando os filhos das bigodudas. 10 anos mandando o Eurico chupar. Só digo uma coisa: foram 10 anos que passaram muito rápido. E agora que arredondamos os anos comemorados a tendência é que essa data cívica ganhe cada vez maior significado. O que já vem ocorrendo de maneira geral desde 1988 e seguirá crescendo até que os mortos de fome da camisa feiona consigam ganhar da gente em uma final. Um fenômeno de raríssima ocorrência que parece cada dia mais difícil de se repetir nessa era geológica.

Para comemorar esse 27 de maio em grande estilo resolvi poupar os visitantes (não uso mais o termo leitores para os frequentadores por ser uma generalização imprecisa) da minha prosa maçante e deixo o espaço para alguns textos escolhidos entre as dezenas de colaborações que lotaram a caixa postal do nosso humilde bloguinho. Desde já agradeço a colaboração de todos e me desculpo aos que não foram publicados pela incontornável limitação do espaço que me obrigou a fazer uma dificílima seleção. Estão todos de parabéns.

Antes de passar a bola a quem sabe o que diz faço aqui meu jabázinho. Hoje, às 21:00 horas vai rolar a estreia da Radiola Rubro-Negra, meu humilde programa de rádio dedicado às flamenguices pela prestigiosa rádio Voz do Futebol, líder absoluta na web. Estão todos convidados pra me dar aquela moral lá as 9 da noite. O endereço é esse www.vozdofutebol.com.br e deixo de aperitivo a vinheta de abertura do Radiola, criada pelo meu camarada Ricardo Taves, que dividirá a apresentação do programa comigo. Espero que os mulambos mais bem vestidos do Brasil apareçam.

Parabéns e obrigado ao Pet. E obrigado também a todos os mulambos universais que de dentro de campo, no banco, na arquibancada, na especial e no sofázão ajudaram a trazer aquele inesquecível tricampeonato para a nossa magnífica e sempre em expansão sala de troféus lacustre. Valeu!

Wilsão: o amigo que 'escalou' Pet na final contra o Vasco em 2001


Às vésperas da decisão, sérvio abandonou concentração decidido a não jogar. Vizinho do camisa 10 citou torcida do Fla, e jogador mudou de ideia

Sexta-feira, dia 25 de maio de 2001, por volta de 22h. Às vésperas do segundo e decisivo jogo pela decisão do Campeonato Carioca contra o Vasco, Pet não seguiu para a concentração do Flamengo. Irritado com o fato de a diretoria não ter cumprido a promessa de pagar dois de um total de oito meses de salários atrasados, o sérvio decidiu abandonar o clube a menos de 48 horas da decisão.


Pet ligou para o amigo Wilson de Souza, conhecido como Wilsão, torcedor do Flamengo e vizinho do gringo em um condomínio na Barra da Tijuca (Zona Oeste do Rio). Os dois foram jantar. No cardápio, o amigo do jogador usou a torcida rubro-negra para fazer o então camisa 10 mudar de ideia.

- Estava em casa, toca o telefone e do outro lado da linha era o Pet, chateado, nervoso. Ele me falou: ‘Meu querido, não vou jogar mais, vou sair do Flamengo’. Eu perguntei se ele estava maluco. Como assim não ia jogar a decisão?! Ele disse que ia embora, que acertou uma coisa com o Flamengo, prometeram um acordo e não cumpriram – recordou Wilsão.

Amigo de Pet, Wilsão sabe que quando o sérvio bate o pé é difícil fazer com que mude de opinião. Foi preciso agir com a emoção para quebrar o gelo do jogador.

- Nos encontramos na pizzaria que hoje é dele. O Pet bateu o pé firme, disse que ia embora, que voltaria para o seu país. Eu perguntei: 'E a torcida do Flamengo, como fica nessa história? Nem sei quanto você ganha, Pet, mas sabe quanto muitos torcedores do Flamengo recebem por mês?! As pessoas saem 3h da manhã de casa, num trem lotado, marmita debaixo do braço para segurar um dinheirinho para no domingo ver o Flamengo jogar, ver o camisa 10. Esse camisa 10 é você. Não é qualquer um'.

Não sei se foi sorte dele, do Flamengo ou minha, o Pet ter me ligado naquele momento. Na conversa, ficamos emocionados, ele pegou o carro e foi para a concentração"
Wilsão

Wilsão, Pet e as respectivas esposas choraram na mesa do restaurante. Depois de algumas horas da tática de convencimento do amigo, o jogador foi para a concentração, já no início da madrugada de sábado, véspera do segundo jogo da decisão com o Vasco.

- Não sei se foi sorte dele, do Flamengo ou minha, o Pet ter me ligado naquele momento. Na conversa, ficamos emocionados, ele pegou o carro e foi para a concentração. Até hoje a diretoria encrenca um pouco com ele, engraçado isso, né?! Para alegria da Nação, ele voltou e jogou o que jogou. Deu passe para Edílson, fez o gol. Ele jogou pelo amor à torcida. Pet é um cara sortudo, e tudo ele faz bem.

Wilsão se sente no direito de tirar uma casquinha na comemoração pelos 10 anos do gol do tricampeonato:

- Disse que ele poderia fazer um gol sem querer, de qualquer jeito, mas que entraria para a história do Flamengo. Foi muita emoção no momento da falta, era como se eu tivesse chutado a bola com ele. Depois do jogo, o Pet me ligou para comemorarmos juntos. Quando nos encontramos, ele deu um abraço, me levantou e disse: ‘Muito obrigado, você que colocou na minha cabeça para jogar aquela partida’. Me senti um campeão naquele dia, mas não adiantava eu falar se não fosse a habilidade dele.

Ainda hoje, em churrascos e peladas entre amigos, Wilsão cisma em imitar a cara de Pet quando acompanhava a trajetória da bola, e a comemoração do gol, quando o sérvio se jogou de costas no gramado do Maracanã.

- Brinco com ele: ele bateu na bola, virou o rosto, acompanhou a bola, fez um gesto com a boca, saiu correndo e se jogou para trás. No dia seguinte, estava sentindo dores. Até hoje, imito ele fazendo aquele gol, ele ri e diz: 'Sou bom mesmo'.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Müller: 'Joguei fora o que construí em 20 anos de carreira'

Entrevista com o ex-jogador Müller

Rio - O nome na história do futebol foi o que sobrou de valioso após 20 anos de uma bem sucedida carreira.Hoje, Müller não tem nem mesmo plano de saúde ou automóvel. Mora na casa do ex-lateral Pavão, amigo desde os tempos de São Paulo. Bicampeão mundial pelo Tricolor Paulista, em 92 e 93, e campeão pela Seleção na Copa de 94, o ex-atacante gastou todo o dinheiro que ganhou, passa por dificuldades financeiras e vendeu até mesmo a igreja da qual era pastor. O programa ‘Esporte Fantástico’, da TV Record, levantou a questão no sábado passado, e ontem, em entrevista por telefone ao MARCA BRASIL, um doce e constrangido Müller aceitou relatar o seu drama, como “um exemplo a não ser seguido”.

MARCA BRASIL: Até que ponto as dificuldades financeiras mudaram sua vida?

Müller: Sempre tive o futebol como meio de sobrevivência. E é assim até hoje. Mas não estou passando fome. Errei muito na vida. Tive bons momentos financeiros, mas errei. Fiz muita bobagem. Gastei tudo com besteira.

MB: Com que besteira?

M: Com mulheres... Não sei se é bom dizer isso. Ah, mas é a verdade. Pode escrever aí que eu gastei com mulheres, com carros e etc. Gastei com vaidades pessoais. Gastei dinheiro com amigos, entre aspas. Amigos de ocasião. Por eu ser uma pessoa generosa, muita gente se aproveitou mesmo de mim.

MB: Onde, aos 45 anos, encontra força?

M: Estou cheio de saúde e pronto para recomeçar. Acertei hoje com uma grande rádio para comentar o Brasileiro. Tenho vigor para recomeçar do nada. Estou muito feliz com o convite que recebi hoje para trabalhar. Era um objetivo voltar a ser comentarista.

MB: E a família, vive bem?

M: Minha mãe e meus seis irmãos levam uma vida normal. Tenho três filhos: Luis Müller, 23 anos, Mateus Müller, 18, e Gabriel Müller, 14. Meus filhos moram num apartamento próprio, o que é um alívio pra mim. Pelo menos isso, né?

MB: Você não tem nenhum imóvel?

M: Comprei vários imóveis ao longo da minha vida. Só fui perdendo, perdendo, perdendo... Hoje, não tenho nenhum.

MB: Você tem algum bem material?

M: Não, eu não tenho nada.

MB: Tem plano de saúde?

M: Também não tenho.

MB: Acha importante falar sobre esse assunto?

M: Não é fácil. Tenho dificuldades financeiras, sim. Espero que os jovens que estão começando não repitam o meu erro. O que eu quero agora é que Deus me dê força para recomeçar do zero. E ele está dando.

MB: Você tem noção de quanto dinheiro ganhou?

M: Não, mas foi muito. Nem sei calcular quanto perdi. Não sei se deveria dizer, mas eu perdi milhões. Perdi tudo que consegui no futebol. Joguei fora o que construí ao longo de 20 anos. Tenho caráter e isso não tem preço. É por isso que admito estar passando por isso.

MB:Você era pastor. Que fim levou a igreja?

M: Vendi o terreno e repassei a Igreja. Mas pretendo no futuro abrir outra.

MB: Não tem carro?

M: Não tenho carro.

MB: Teve quantos?

M: (Risos) Tive um monte de carros... Nossa!!! Muitos!!!

MB: Mais de 20?

M: Com certeza, tive bem mais do que 20 carros.

MB: Faltou orientação?

M: Pode até ser, mas isso não justifica o meu erro.

MB: Telê Santana não puxava a sua orelha?

M: (Risos) Puxava direto. Ele era um paizão. Mas... Olha, eu tomei decisões erradas. Fiz as piores escolhas. Foi isso.

MB: Gastou com drogas?

M: Ah, isso não. Graças a Deus, nunca usei. Eu nunca fumei nem mesmo um cigarro.

MB: Você mora na casa do Pavão e está construindo um ‘puxadinho’ na parte de cima. A ideia é ter um pouco mais de privacidade?

M: É, sim. Somos amigos, eu morava de aluguel e estava sempre na casa dele. Então, o Pavão me chamou pra morar lá. Faz uns seis meses que estou na casa. É boa. São quatro quartos e fica no Morumbi.

MB: De todas as perdas, sente mais falta de quê?

M: Futuramente, quero comprar um carro. Quem não tem carro em São Paulo está morto. Fora isso, nada me faz falta.

MB: Anda de ônibus?

M: Não ando de ônibus porque tenho vários colegas que têm carro. O próprio Pavão tem um. Então, a gente está sempre saindo junto.

MB: Sente saudade do tempo em que tinha dinheiro?

M: Deus me dá o privilégio de ter as coisas básicas de que preciso. Tenho casa, roupa e comida. Tenho o que uma pessoa precisa para viver.

MB: Alguma mágoa com o futebol?

M: Posso dizer que eu não sou exemplo pra ninguém. O futebol me proporcionou tantas coisas boas que não posso me queixar de nada. Tenho um nome e fiz uma história.

MB: Quando começou a dificuldade financeira?

M: Foi depois que eu saí da tevê, em 2009 (era comentarista do Sportv).

MB: Depois de trabalhar na tevê, você foi treinador do Imbituba, de Santa Catarina. Quanto ganhava lá?

M: Não preciso falar. Trabalhei lá de novembro do ano passado até abril. De 18 jogos, o time ganhou apenas três. E caiu para a Segunda Divisão. Sabe quando você vai apartar uma briga e acaba apanhando? Foi mais ou menos o que aconteceu comigo.

MB: Tem saudade dos tempos de jogador?

M: Não tenho saudade do futebol, nem da vida de rico que levei. Só tenho boas lembranças e isso é suficiente. Curti o que tinha que curtir. Agora, acabou.

MB: Fez amigos?

M: Tenho dois. O Pavão e o André Luís, que também jogou comigo. Você sabe... Não se faz muita amizade nesse meio.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Bebê nasce com duas cabeças na China



Sichuan (China) - Na pequena província de Sichuan, na China, Bao Qiaoying, de 25 anos, deu à luz uma menina com duas cabeças. O caso é inédito na China e os médicos afirmam que as cabeças não podem ser separadas.
Além de duas cabeças, o bebê nasceu com duas espinhas e um coração e meio Foto: Reprodução Internet

Bao vivia na província de Guangdong como uma trabalhadora imigrante quando engravidou e resolveu retornar à sua cidade e seu marido, Liao Guojun, para se cuidar. Seus primeiros exames não apontaram para nenhum anormalidade em relação ao bebê.
O terceiro exame apontou a anormalidade e os médicos disseram: "O bebê tem duas cabeças e um corpo". Após os resultados, o casal resolveu realizar um aborto, mas Bao entrou em trabalho de parto pouco antes de chegar à clínica para o procedimento. "É muito perigoso fazer um aborto quando a mãe está em trabalho de parto", disse o médico.
Após o nascimento da menina, novos testes mostraram que a bebê tem duas espinhas e um coração e meio, enquanto os outros órgãos são compartilhados. Os médicos disseram ser impossível separar as cabeças: "elas terão que viver juntas".